Essa condição, quando não tratada, pode levar a danos progressivos na articulação do quadril, causando dor e limitando a capacidade do indivíduo de realizar suas atividades cotidianas.
Assim, é essencial conhecer as opções terapêuticas disponíveis para garantir uma melhor qualidade de vida e mobilidade para aqueles que enfrentam esse problema.
O quadril é uma articulação fundamental em nosso corpo, onde o fêmur se encaixa com a pelve.
O fêmur possui uma extremidade esférica, conhecida como a cabeça do fêmur, que se encaixa perfeitamente no acetábulo.
Essa conformação anatômica permite a amplitude de movimento e a estabilidade necessárias para as atividades diárias.
Entretanto, para que esse sistema funcione adequadamente, é crucial que o acetábulo também seja esférico, proporcionando um encaixe ideal para a cabeça do fêmur.
Porém, em alguns casos, ocorrem alterações anatômicas no quadril, levando ao impacto do colo do fêmur com o rebordo acetabular.
Essa condição é conhecida como Impacto Femoroacetabular e pode ter implicações significativas para a saúde e a qualidade de vida do paciente.
A queixa predominante nos casos de Impacto Femoroacetabular é a dor, que pode variar em intensidade, sendo aguda em alguns casos e gradual em outros.
A dor é frequentemente localizada na virilha, e está muitas vezes relacionada a atividades físicas, gestos esportivos repetitivos ou períodos prolongados em que o paciente assume determinadas posições.
Ademais, os pacientes podem sentir uma sensação de desconforto profundo que pode irradiar para a região lateral ou posterior do quadril, incluindo o glúteo.
Agravando a situação, o quadro tende a se intensificar durante movimentos que envolvem flexão, adução e rotação do quadril, especialmente a rotação interna.
Também é comum que alguns pacientes relatem uma sensação de "falta de alongamento” e ouçam estalidos ou ruídos específicos durante certos movimentos do quadril.
Os principais fatores de risco associados a essa patologia estão intrinsecamente ligados às deformidades ósseas e às atividades esportivas que envolvem movimentos de flexão e/ou rotação do quadril.
Nesse sentido, esportes como tênis, golfe, artes marciais, futebol, ballet e yoga, que demandam esses tipos de movimentos, aumentam a probabilidade de desenvolver o Impacto Femoroacetabular.
Uma observação importante é que muitas das deformidades no fêmur e no acetábulo têm suas raízes em doenças do quadril durante a infância e a adolescência, como o escorregamento da epífise proximal do fêmur e a doença de Legg-Calvé-Perthes.
Curiosamente, essas condições podem permanecer latentes na infância, apenas sendo diagnosticadas na fase adulta.
Adicionalmente, pacientes com níveis elevados de atividade física apresentam um risco aumentado de desenvolver deformidades do tipo "came".
Outras possíveis causas de Impacto Femoroacetabular incluem: sequelas de traumas, tumores benignos ou osteotomias do quadril.
Existem três principais tipos de Impacto Femoroacetabular:
Came ou Cam
Este tipo é caracterizado por alterações no formato da transição entre o colo e a cabeça do fêmur e é mais comum em homens jovens.
Durante movimentos como flexão e rotação do quadril, especialmente rotação interna, ocorre um impacto da deformidade tipo "cabo de pistola" com a superfície acetabular.
Com o tempo, essa lesão pode causar dor e danificar o labrum, uma estrutura localizada na periferia do acetábulo.
Além disso, o impacto tipo Cam pode desencadear a artrose precoce da articulação do quadril.
Pincer
Neste caso, a patologia ocorre devido a uma alteração na conformação do acetábulo, que pode ser profundo ou retrovertido, levando a uma maior cobertura da cabeça do fêmur.
Normalmente, essa condição afeta mais frequentemente mulheres jovens.
Os pacientes costumam relatar piora da dor com a flexão e rotação do quadril.
Em estágios avançados, podem ocorrer lesões no labrum e o desenvolvimento de artrose precoce.
Misto
O tipo misto é o mais comum e ocorre quando as alterações no quadril não se manifestam de forma isolada.
Nesses casos, pode haver uma combinação de alterações no colo do fêmur e no acetábulo, resultando em um impacto que afeta a articulação do quadril de várias maneiras.
Em geral, a prevenção dessa condição envolve submeter-se a uma avaliação médica para identificar possíveis deformidades ósseas pré-existentes.
Portanto, indivíduos que participam de atividades intensas que requerem flexão e rotação do quadril devem considerar passar por uma avaliação ortopédica para determinar se há deformidades no quadril.
Dessa maneira, é viável iniciar um tratamento precoce que envolve ajustes nas atividades esportivas e nas atividades diárias, com o objetivo de proteger a região do quadril.
O diagnóstico do Impacto Femoroacetabular envolve uma abordagem abrangente que começa com um exame físico, no qual são realizadas manobras provocativas para reproduzir a dor relatada pelo paciente.
Além disso, exames de imagem desempenham um papel fundamental, incluindo radiografias em várias incidências, tomografia computadorizada e ressonância magnética.
Inicialmente, a abordagem terapêutica se concentra no tratamento conservador, que inclui medidas como a reeducação do paciente para evitar os movimentos que desencadeiam a dor e a adaptação das atividades diárias.
Outras estratégias incluem repouso, o uso de medicamentos analgésicos ou anti-inflamatórios e fisioterapia motora para restaurar o equilíbrio muscular e postural.
Essas medidas visam reduzir o impacto sobre a articulação e, consequentemente, aliviar a dor e retardar a degeneração.
Porém, se o tratamento conservador não for eficaz ou se a deformidade óssea for significativa, a intervenção cirúrgica pode ser recomendada.
As cirurgias para tratar o Impacto Femoroacetabular variam de acordo com o grau de lesão causada pela condição.
Em casos iniciais com cartilagem preservada, as cirurgias de preservação articular podem ser indicadas, envolvendo a ressecção das deformidades ósseas e, em alguns casos, a reconstrução, sutura ou ressecção do labrum.
Já em estágios mais avançados, com danos à cartilagem, as cirurgias de preservação articular podem ter resultados limitados.
Nessas situações, o tratamento frequentemente envolvendo a substituição da articulação por meio da colocação de uma prótese no quadril, a chamada artroplastia de quadril.
Lembramos que a escolha do tratamento adequado é determinada pela gravidade da condição e pela preservação da saúde e da função da articulação do quadril do paciente.
Assim, caso você sinta dores ou alterações na função do quadril, agende uma consulta com um de nossos especialistas imediatamente e evite complicações futuras.
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